sexta-feira, 30 de abril de 2010

Aviso aos seguidores do blog!!!!

Olá queridos seguidorese caros leitores. O conto que publico nesta sexta é o prelúdio de uma história maior, portanto, não pensem que perderam alguma postagem. Como já disse, postarei toda sexta feira. Tambem devo ressaltar que a coincidencia de nomes dos protagonistas de ambos os contos não passa de mera casualidade. Não são os mesmos personagens, é apenas um nome que gosto, além do mais, a saga que se iniciará agora já povoava minha mente antes de me vir a ideia de montar o blog. Espero que curtam "A batalha de Ezequiel - Prelúdio" Mais uma vez obrigado por seguirem o blog e por enviarem suas sinceras e valiosas opiniões. O elogio e a crítica sinceras são as maiores alegrias deste que vos escreve.
Eternamente agradecido: God's Hammer

"Ezequiel - Prelúdio"


Não era assim que ele havia planejado morrer. Na verdade, não era em nada parecido com sua idéia de fim da vida. Ezequiel tinha pensado que morreria bem velhinho, com sua esposa a seu lado deitados na cama. Mas agora temia que o destino tivesse outros planos para ele.
Ao se levantar dos escombros ele percebeu seu temor se confirmando. A noite estava escura e as únicas iluminações vinham da lua que, no momento, se escondia atrás de algumas nuvens cinzentas, e dos entulhos do abrigo incendiado. Em meio à penumbra Ezequiel viu os olhos amarelos da criatura acenderem e sentiu um frio escalar a sua espinha.
Analisou rapidamente os danos sofridos. Duas costelas quebradas do lado esquerdo e uma do direito, fora o ombro esquerdo, deslocado quando a parede tombou sobre seu corpo. Só sobreviveu graças à armadura. A armadura. Ela sempre o protegera, embora, a essa altura, estivesse bem danificada. Feita de pura prata e abençoada por Deus, era lamentável vê-la nesse estado.
O som da criatura se movendo o despertou do transe. O que fazer? Ela se aproximava lenta e ameaçadoramente, sem se precipitar, saboreando uma presa que ela sabia estar encurralada. Ezequiel vasculhou o campo de batalha com os olhos rapidamente, procurando por sua espada. Viu a arma fincada no chão mais a frente, muito longe dele, muito perto da criatura. A enorme besta estava cada vez mais perto. O rapaz podia sentir a terra tremendo a cada passo dela e o seu hálito quente com aroma de sangue dado por tantas vitimas inocentes.
Precisava tomar uma decisão e agir rápido. Lembrou de sua amada e de tudo o que estava em jogo naquela noite e fez sua escolha. Virou-se de modo a ficar de frente a criatura. Encarava-a nos olhos transformando o seu medo em ódio. Sem sua espada seria difícil derrotá-la, mas não chegara tão longe pra fugir, e morrer não era uma opção. A besta abriu a boca se preparando para o ataque. E lá longe, na campina, um lobo solitário uivava.

domingo, 25 de abril de 2010

Esse foi enviado por Akvan P. Belo

Seguindo no vazio

Se caminho
sem ter por onde andar
Sozinho
Qualquer canto é meu lugar

Pessoas falam coisas que não entendo
Chamam meu nome
Não sei quem sou
Mas eu atendo

Murmurram
fazem briga por nada
Querem coisas de mais
Eu não escuto
fico mudo
Sigo a estrada

Debaixo da sombra de uma arvore
Sinto bem
A lembrança ascende uma marca
no peito um risco de faca
Arde a falta que faz alguém

Coração defunto o meu
Frio
Fede a alma de quem já morreu
sete palmos o fazem distante de tudo
Se não me mata o escuro
me mata eu

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Primeiro Conto que posto

A noite escura, a fraca iluminação da casa e a garrafa de uísque destampada sobre a mesa contribuíam para a construção do cenário lúgubre e depressivo do local. O velho relógio cuco tiquetaqueava cronometrando o silencio e a respiração de Ezequiel enquanto ele tamborilava os dedos na mesa acompanhando o ritmo. Eles estavam pra chegar. Josias e Caroline. Amigos de juventude.
Ezequiel nasceu em uma família rica e poderosa. Por ser o único filho, ou talvez por sentimento de culpa dos pais, eles o enchiam de regalias e mimos. Ele, é claro, não reclamava. Na noite do seu aniversario de oito anos ele acordou com o pai sentado em sua cama, com os olhos cheios de lagrimas.
— Papai, o que aconteceu?
— Só vim te dar boa noite, filho, e dizer que sinto muito. Eu te amo mais do que tudo. – o pai acariciava os cabelos negros do garoto – sinto muito mesmo.
— Do que esta falando, pai? Aconteceu alguma coisa?
— Não filho, nada. Agora durma. Boa noite, meu anjo. Eu te amo.
— Boa noite, pai. Também amo você mais do que tudo.
O pai derramou mais algumas lagrimas, cobriu o garoto e o beijou no rosto. Saiu do quarto em silencio. Ezequiel adormeceu rapidamente. Amava muito o pai e de manha poderia perguntar o que houve.
Mas não houve amanhecer para ele. Quando acordou de manha o pai sumira. Sua mãe dissera que ele viajara a negócios e não sabia quando voltaria. Mas ele sabia que não era verdade. O pai se fora. Perdera seu maior herói e amigo, para sempre talvez.
Sua mãe mudou muito depois que seu pai foi embora. Ela parecia não sentir falta dele e até, diga-se de passagem, parecia gostar que ele tivesse sumido. Quando ela criou coragem para lhe contar o que havia acontecido, Ezequiel já era grande o suficiente para ter deduzido sozinho. O rapaz já tinha quinze anos e, ainda assim, ouvia a historia que a mãe contava com a maior surpresa que conseguia. O rapaz poderia ser um grande ator. Ficava em silencio enquanto ouvia a mãe contar como o pai os deixara dizendo que não amava nenhum dos dois e que tinha outra família agora. Isso acontecia toda noite após o jantar. Ele ganhava uma sobremesa e ela ficava pendurada à garrafa de vinho. Quando a bebida fazia efeito ela começava sua narrativa. Quando terminava de contar suas mentiras mandava o garoto pra cama e dizia ir se deitar. Não tardou muito para Ezequiel descobrir que isso também era mentira.
Certa noite ele notou que a mãe não fazia barulho algum para ir se deitar. “Uma cama tão velha, deveria fazer algum ruído quando ela se deita.” Pensara consigo. Mas o silencio permanecia. Foi então que ele ouviu os passos de leve vindo em direção a seu quarto. Ele fingiu estar dormindo quando a mãe abriu a porta de leve e espiou pra dentro do lugar. Certificou-se de que ele dormia e encostou a porta de leve. Desceu as escadas com o maior cuidado possível e abriu a porta da frente. Os criados já haviam se deitado no quarto no fundo da casa. Ezequiel olhou pela sua janela e viu sua mãe acenando da porta para o breu do portão. Um farol se acendeu do outro lado, para a surpresa do garoto. Ela abriu o portão e deixou o carro passar. Ele foi o mais silencioso possível e estacionou em frente à casa. O homem de terno de risca de giz desceu, e entrou na casa atrás de sua mãe. Eles subiram sussurrando tão baixo que Ezequiel não pode entender. Ao passarem pelo quarto a mãe espiou de novo. Ele continuava deitado. Ela fechou a porta e foram para o quarto dela. A porta foi trancada.
Após essa noite Ezequiel passou a vigiar sempre que conseguia. Ela tinha um padrão para o encontro. Depois que o velho cuco batia as doze badaladas ela verificava se o rapaz dormia e descia as escadas, exatamente como antes. Dificilmente ele via os mesmos homens descerem do carro. Os carros mudavam, os ternos mudavam, os homens mudavam, mas todos iam lá pelo mesmo motivo.
Quando completou dezoito anos, Ezequiel ficou órfão de mãe. Uma noite em que ele saira para ir ao teatro a mãe e um amigo foram assassinados brutalmente por um intruso. Curiosamente, a mãe de Ezequiel dispensara todos os empregados naquela tarde, alegando que, uma vez que o filho ia ao teatro, ela queria um pouco de paz e sossego para descansar. E foi só isso que o jornal divulgou. Ezequiel assumiu uma enorme herança e o papel de homem da casa.
Ele provavelmente teria crescido como um jovem solitário se não fosse por Caroline, uma vizinha de seu casarão. A garota lera a noticia da morte da mãe de Ezequiel e foi prestar suas condolências, e foi ai que se conheceram. Tinham quase a mesma idade, logo, se davam muito bem. Ezequiel era o melhor amigo da garota, o que parecia ser bom. Para ela.
Um ano e meio depois, um jovem apareceu a porta de Ezequiel em resposta ao anuncio de quartos para alugar. Josias dissera ser um viajante que precisava de um lugar para ficar, mais que dispunha de pouco dinheiro. As hospedarias e hotéis da cidade que não estavam lotados cobravam caro. Ezequiel era rico então cobrou um preço barato de josias. Não tardou para que se tornassem amigos também. O rapaz arrumou um ótimo emprego para o viajante em sua empresa. Bom salário por pouco serviço. Ezequiel, Josias e Caroline se tornaram inseparáveis. Faziam tudo juntos. Poucos anos depois Josias e Caroline se aproximavam cada vez mais. Os dois vinham de famílias da classe media, logo, tinham mais em comum entre si do que Ezequiel com qualquer um dos dois. O jovem se magoava cada vez que via a maneira como se olhavam. Especialmente como ela olhava para Josias e não para ele. Ele sabia que tinha muito mais a oferecer do que um viajante que não tinha onde cair morto até ele ter ajudado. Por que, então ela escolheria Josias? O que o tornava tão digno, ou pior, o que tornava Ezequiel indigno de seu amor? Resolvera que só tinha uma solução. Resignar-se e permitir a paixão de ambos. Ele não poderia fazer nada para separá-los e sabia que era o tipo de amor que dura até a morte.
O relógio voltou a badalar despertando Ezequiel do transe e da angustia. Eles já estavam chegando. Dava pra ouvir o ronco do carro vindo pela viela escura que levava até sua mansão. Ele reconheceria em qualquer lugar, afinal, era o seu carro. Emprestara a Josias, ele queria impressionar a moça. Josias confidenciara a Ezequiel seu plano para a noite. Jantar com Caroline em um lugar chique, cinema ou talvez teatro, chegariam em casa onde Ezequiel os esperaria com a garrafa de espumante para comemorar e , ajoelhado à porta da frente, Josias pediria Caroline em casamento.
Ezequiel subiu as escadas lentamente até o seu quarto. Cada passo marcava sua sentença do fim. Guardara o anel para que Josias não o perdesse, afinal, o rapaz trabalhou duro para comprar a peça, e não aceitou qualquer empréstimo de Ezequiel. Foi até a gaveta e pegou o presente esperado. Desceu e esperou pacientemente ao lado do interfone. O aparelho tocou e a luz vermelha iluminou o rosto de Ezequiel brevemente. Ele apertou o botão e abriu a porta enquanto via o carro entrar no enorme pátio da mansão. Como um vislumbre do futuro ele viu tudo o que aconteceria. Sabia que era o fim, mas ainda assim conseguiu sorrir. Tudo estava bem. Eles chegariam rindo até a porta. Ele perguntaria como foi a noite, mesmo sabendo a resposta de Caroline. Ele repetiria as palavras que Josias pediu “tenho um presente pra vocês”. Eles estavam se aproximando. Ezequiel ativou a trava elétrica do portão. Sabia exatamente como faria. Acertaria Josias no estomago e Caroline nas pernas. Nenhum dos dois tentaria fugir e ambos estariam vivos para ouvir Ezequiel se declarando para Caroline. Depois acertaria Josias na cabeça para Caroline ver a morte de seu amado. Por ultimo atiraria em seu amor no peito, pra fazer senti-la um décimo da dor que ele sentiu tanto tempo. Sim, mataria os dois traidores. Com a mesma arma que usou para matar a própria mãe.

By: Jôder Filho