quinta-feira, 3 de junho de 2010

Ezequiel - Parte Quatro

O sol já ia alto por trás dos montes verdes ao redor de Inosa. Os passaros já haviam despertado e cantavam enquanto faziam seus circulos por sobre a cidade. A maior parte dos habitantes da vila estava desperta e se ocupava de seus afazeres rotineiros sem se importar com o estranho que chegava pela estrada.
Vestindo um longo casaco escuro e cambaleando por entre os passos Ezequiel não chamava muita atenção para si, no máximo sendo confundido com algum mendigo ou andarilho. E era exatamente isso que ele queria. Tinha que chegar a um lugar seguro sem ser notado. Muitos dos habitantes de Inosa o conheciam, mesmo que só de vista.
Passou por uma taverna e sentiu o cheiro de carne assada. A fome. Só agora percebera que não comera nada desde à tarde do dia anterior. A raiva e a subsequente tristeza e solidão que se abateram pareciam tê-lo abastecido por um tempo, mas assim que se instaurou a calma, seu corpo não tardou a reclamar. Estava com pouco dinheiro, e não sabia se teria a ajuda necessária. Era melhor poupar. Resistiu ao impulso de roubar algo para comer e continuou seu caminho, amaldiçoando sua sorte.
Ao fim da estrada principal da cidade, ele virou à esquerda e seguiu por mais algum tempo. As pequenas vielas da cidade iam ficando cada vez menos movimentadas. Ezequiel nunca fora tão longe em Inosa, mas sabia exatamente aonde estava indo. Em suas idas até a vila para comprar mantimentos e equipamentos ele ouvira falar de um homem com uma habilidade muito especial. Descobriu, certa vez, que o homem morava numa choupana logo na entrada do bosque, afastado do centro da vila. E que era muito pouco visitado. Os únicos que se viam rumando para lá eram sujeitos sempre mal-encarados, grandes e sujos.
O “Ferreiro” como era mais conhecido, era o maior fabricante de armamento e equipamentos para guerra da região. Curiosamente, ele morava e trabalhava em uma vila que dificilmente entraria em uma batalha. Os habitantes de Inosa eram sempre muito pacificos, e resolviam seus problemas com longas conversas e discussões. Alem do mais, ele geralmente não era visto pelos habitantes. Não saia de casa, ao menos de dia. Suas provisões e alimentos para a sua casa eram comprados por sua filha, que perdera a mãe no mesmo dia em que nasceu, e desde então fora criada pelo ferreiro, que não era seu pai verdadeiro. No tempo em que eram casados, o ferreiro nunca soube quem era o pai da menina. A esposa contou que ele havia morrido no dia em que Félix II, atual rei de Hazépt, assumira o trono, depois de uma infindável batalha contra os vilarejos. Quando a esposa morreu dando a luz a menina, ele prometeu cuidar dela como se fosse sua.
Ezequiel chegou ao fim da estradinha e avistou mais a frente, por entre as arvores, uma choupana velha mas muito firme. Acima da porta da frente lia-se numa placa enorme de ferro “Ferreiro John”. Ele caminhou até a parte em que a estrada se mesclava com a floresta e agachou-se por detrás de alguns arbustos. Tinha que esperar até o ferreiro ficar sozinho. Não sabia se a menina era confiável e não queria arriscar para descobrir. Quando o sol estava a pino Ezequiel viu a porta da choupana se abrir e uma forma feminina de capuz projetar-se para fora. Antes de sair ela se virou e disse algo para dentro da casa, fechou a porta e, tomando um cesto vazio em seu braço, seguiu em direção à cidade. Passou por onde Ezequiel estava e ele pode ver o rosto da moça. E ela era linda. Ezequiel nunca havia visto alguém assim em toda a sua vida. No mesmo instante em que viu a moça ele sabia que não havia volta. Havia perdido seu coração, sua alma pra alguém que nem conhecia.
Ela passou sem notar a figura que a observava por entre as folhas. Quando ela sumiu na estrada de Inosa , Ezequiel saiu de seu esconderijo e dirigiu-se a choupana. Subiu as escadas que levavam a entrada sem fazer qualquer ruído. Parou junto ao portal pensando sobre o que estava prestes a fazer. Se entrasse naquela casa sabia que não teria volta. Sua mãe condenaria sua atitude se estivesse viva. Mas não estava. A vida da pessoa que ele mais amou fora roubada na noite anterior. Ele deveria ir embora. Era o que ela diria. Mas ela estava morta e, no lugar onde havia o amor só lhe restou o ódio e a sede de vingança. Ezequiel era outro homem agora. Com uma missão e o conhecimento dos meios para executá-la. E foi com esse pensamento que bateu à porta do ferreiro. Ouviu os passos lá dentro se dirigindo para atender a porta e soube que dali em diante sua vida havia acabado.

Por Akvan P. Belo

Mundo complicado, esse seu!

Dos arranhásseis;
A base de tijolo social
Civilização animal
Perco a sensibilidade!
Não te passa pela cabeça
que a natureza é a melhor sociedade?

Os bichos devoram um ao outro, sim!
Engano teu pensar que os animais
sejam diferentes de ti assim!

Faço mil planos pra construir uma casa
e o tatú faz a toca
De onde vem a farinha, meu amigo,
se não da mandioca?

Engano teu dizer-se civilizado
A sua ciência moderna
não passa de um produto industrializado!
De massas e de multidão
Pra todo aglomerado humano
existe um espertalhão

É tão certo achar que está certo
Quanto o fogo consumir nações
Sempre haverá guerras
Seja qual forem às razões

Um dia destruiremos o mundo
Ou um dia ele nos destruirá
Desculpe-me, mas sua ética
Não o irá nos salvar

None god gonna save you
From hell that you created
Leave yourself see
That have perfection in the imperfection
You're your own creation
result of domination

A sua moral é um pecado contra a humanidade
Seus conceitos reinventam o que é dignidade
Eu sou o caminho e a verdade
A vida e a realidade
A morte e a eternidade
A fuga da liberdade
O amor e a amizade
Me faça a caridade!
Dews!
...
tende piedade!